por Luan Caique
Jogo Rápido
Gráficos - 9.5
Som - 10.0
Jogabilidade - 9.5
Esqueça tudo o que você aprendeu jogando Tibia.
The Elder Scrolls sempre foi um RPG fora de série com seu mundo enorme, uma sólida mitologia própria e muita liberdade de ação. Oblivion foi um marco em 2006 e apenas cinco anos depois, a Bethesda supera sua obra-prima com Skyrim, um jogo capaz de levar os conceitos básicos da franquia a novos e gloriosos patamares. Prepare-se para perder sua vida social no momento em que colocar seus pés na terra gelada do norte de Tamriel.
Claro que para você entender como esse jogo é espetacular é preciso encará-lo da maneira como ele foi projetado para ser: uma fotografia de um período importante de uma região borbulhante de vida e seu herói que acaba entrando de cabeça numa aventura que não procurou, mas deve seguir com seu dia-a-dia enquanto lida com suas novas obrigações e deveres. Detalhes meu amigo, a questão aqui são os detalhes.


Apesar do mundo ser enorme e cheio de ruínas, cidades, cavernas e picos para explorar, cada detalhe foi pensado com cuidado, a trama encaixa com a mitologia e com os eventos apresentados, cada ruína existe por algum motivo histórico, cada missão é dada por uma razão maior do que simplesmente “meios de ganhar XP e ouro”, cada fala faz sentido com o personagem e sua situação atual.
Use um Shout (já falo deles) no meio da cidade e um guarda pedirá para você não incomodar os moradores, repita uma pergunta e levará um pedala de um NPC mais esquentado, pergunte da guerra civil em qualquer assentamento e vai perceber que todos os moradores se sentem ameaçados com a situação e, enquanto alguns opinam, outros preferem ficar de fora. Mesmo com tudo tão pensado, o jogo não é óbvio e o inesperado ainda pode acontecer a qualquer momento, como o ataque de um dragão aleatório a uma cidade, um mensageiro trazer uma importante notícia ou uma ruína se mostrar muito mais complexa do que o prometido.
Skyrim não é apenas uma aula de como criar um mundo vivo e convincente, é também uma lição de jogabilidade, visual e especialmente efeitos sonoros. No que toca o primeiro quesito, algumas mudanças óbvias em relação a Oblivion podem ser percebidas desde o início. As estatísticas mudaram, algumas skills foram retiradas, as raças jogáveis oferecem vantagens e bônus diferentes (os High Elves podem regenerar magia rapidamente, por exemplo), oito atributos foram eliminados, entre eles agilidade, velocidade e inteligência, tudo para facilitar a vida do jogador, sem deixar o jogo “burro”, mas aumentando a relevância das decisões sobre o estilo de combate e escolha de habilidades.
Os controles são simples e intuitivos e tanto em primeira pessoa como em terceira fazem o jogo fluir de forma coesa. Sobre as câmeras, a visão pelas costas melhorou muito e é possível manter totalmente o controle do personagem mesmo nas batalhas mais confusas, uma das falhas de Oblivion. Em geral o game funciona bem como um RPG de ação, porém usar da furtividade para ultrapassar os perigos é igualmente possível. No final das contas o que determina a sua maneira de jogar são as escolhas, a forma como o personagem se especializa em uma skill em detrimento da outra. Como não existem classes, suas opções são inúmeras e é possível descobrir suas preferências enquanto joga, não logo de cara sem nem ter testado o sistema.
A evolução de personagens continua similar a Oblivion. Você não sobe de nível matando inimigos e ganhando pontos de experiência, mas sim evolui suas habilidades conforme as usa, o que é muito mais verossímil. Usar uma magia com eficiência aumenta o seu poder, criar um item na forja aumenta a qualidade do material. A cada nível você tem direito a um "perk", uma habilidade relacionada com aquela skill, como, por exemplo, dar mais dano com uma espada de duas mãos. Funciona bem e não exige horas de cálculos.
Uma das novidades de Skyrim é o sistema de Shouts, ou gritos, poderosas habilidades mágicas dracônicas que não exigem especialização para serem usadas no máximo de seu poder. Cada grito é composto por três palavras, aprendidas em masmorras e locais remotos, e podem ser utilizadas após o personagem do jogador absorver Dragon Souls, almas liberadas após a morte de um dragão. Cada grito tem uma utilidade, como impulsioná-lo para frente (útil para os apressados e também para ultrapassar perigos), mudar o clima, inutilizar ou até matar seus oponentes. Novamente, o uso e aprendizado desse poder não vai deixar ninguém estressado.
É claro que com toda essa liberdade e facilidade você pode criar e melhorar seus próprios itens, armas e armaduras em um sistema realista, divertido e extremamente amigável. É possível minerar metais preciosos, derreter a pedra, transformá-la em uma barra de metal e utilizá-la para melhorar seus equipamentos. Usando soul gems você pode encantar seu equipamento com magias que aprendeu ao fazer uma espécie de engenharia reversa mágica. Misturando elementos naturais e místicos você ainda cria poções e venenos. Simplesmente sensacional e prático.
Como nem tudo é perfeito, o título sofre com diversos bugs, o que é até compreensível levando em consideração o tamanho do projeto, mas não é perdoável. É irritante ficar preso em partes do cenário, ver NPCs pulando travados em escadas, corpos de inimigos mortos entrando nas paredes, entretanto, isso tudo é tranquilo perto de alguns problemas que podem impedi-lo de terminar a campanha principal. Uma porta que não abria em uma determinada quest quase acabou com minha diversão antes da hora, por sorte o problema foi resolvido, mas não esquecido. Outra coisa que irrita um pouco são os constantes loadings, cada porta que você cruza em uma cidade, por exemplo, exige que o jogo carregue a área.
Fora esses inconvenientes, Skyrim é um jogo espetacular e isso se reflete em sua área técnica. A interface é limpa e funcional e criada com cuidado para deixar o jogador confortável, mas isso é o de menos, pois o gráfico como um todo ficou impressionantemente melhor do que o de Oblivion ou de Fallout. O design de cada item é cuidadoso, cenários são estupendos, com belas montanhas, cujos picos podem ficar obscurecidos por nuvens, planícies e florestas densas e realistas, cidades grandiosas e cheias de vida, até o céu estrelado é uma obra de arte.
Viaje para a garganta do mundo e presencie uma aurora boreal e me fale se não é de tirar o fôlego. O único problema visual fica por conta de algumas animações de personagens, um pouco mecânicas e artificiais, além de alguns momentos nos quais as coisas desandam de vez, como combates maiores. Realmente esperamos que a Bethesda dê um pouco mais de atenção aos humanos quando for produzir The Elders Scrolss VI, que certamente será lançado algum dia.
O que não dá motivo para reclamações de forma alguma é a parte sonora de Skyrim. A trilha é poderosa, com temas épicos e canções medievais típicas que colocam qualquer um no clima sem muito esforço. Na verdade, ouvir cada som deste game é um prazer. O rugido de um dragão se aproximando ou do saque de uma espada soam tão reais quanto é possível e a dublagem é de ótima qualidade até para os personagens de menor expressão. Falas repetidas aparecem eventualmente e são como um choque que abalam a imersão, mas isso só acontece pelo fato do jogo dar poucas brechas como essa.
Grandioso, The Elder Scrolls V: Skyrim é um exemplo a ser seguido por outros RPGs. Sua campanha não é nada perto do colossal mundo que sempre guarda mais uma surpresa naquele local escondido que você não explorou da última vez que passou por tal estrada. A liberdade e a imensidão podem incomodar alguns jogadores mais impacientes e, embora seguir a história principal sem se preocupar muito com o resto possa resolver esse problema, faz essa nota aí de cima perder muito de seu sentido.
Agora, se você está preparado para se comprometer com o mundo magnífico e grandioso de Tamriel, entrar na pele de Dovakihn, fazer amizades com reis e plebeus, visitar dungeons antigas, eliminar inimigos terríveis e viver sua vida em meio a eventos grandiosos que definem uma sociedade, então Skyrim será tudo que você poderia esperar de um RPG atual.
Obrigado por ler está análise, continue acompanhando o blog e não deixe de comentar
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1 comentários:
Porra esse jogo é muuuito phoda... Tinha muitas coisas pra falar sobre ele, mais tomei uma flechada no joelho e acabei me esquecendo KSOAKSOAKSOASKAOSKOAKS'
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